sábado, 14 de março de 2015

Carta de intenções



Interessei-me pelo estudo de Portugal e a Grande Guerra exactamente nos meses finais do ano de 1981. Fiz a minha primeira visita ao Arquivo Histórico Militar (AHM) talvez no mês de Novembro e ia já com o objectivo de ver o espólio do Corpo Expedicionário Português (CEP). Fiquei espantado com a quantidade de documentos onde podia mergulhar e, porque era imensa, atirei-me àquilo que era mais evidente e mais conhecido: os relatórios da batalha de La Lys. Comecei a perceber que havia entrado numa outra dimensão da História. Tinha de deixar a documentação e fincar-me no estudo da época, ou seja, da 1.ª República. Passei a alternar as minhas visitas ao AHM com outras à Biblioteca Nacional para estudar o regime que, em Portugal, mudara pouco antes do início da guerra. Pouco tempo decorrido uma nova necessidade se me impôs: estudar os últimos trinta anos de Monarquia. E foi deste modo que cresceu em mim o conhecimento militar do CEP e o da envolvente política que esteve na sua origem.
Se a minha paixão maior foi, de começo, o empenhamento militar, os anos vieram provar que era embrenhando-me na questão política nacional e internacional a forma de o conhecer na sua vertente mais nobre: a do envolvimento na hecatombe de ferro e fogo que martirizava, de um lado a outro, a Europa.

Falar de Portugal na Grande Guerra é falar do quotidiano político dos últimos anos da Monarquia e dos anos iniciais da 1.ª República. Mas terá de ser sempre falar do Povo e, saído dele, como emanação natural de vitalidade, falar dos soldados combatentes na Flandres francesa.
Vai ser essa amálgama que vou deixar, em curtos apontamentos, neste blogue, escritos aqui no meu abrigo, rodeado de livros em vez de sacos de terra, sem grandes preocupações de apresentação académica — mas sem fugir ao seu rigor —, tentado que, para além de exercerem uma função de divulgação de conhecimentos sejam, acima de tudo, uma homenagem aos Portugueses de há cem anos, que ligaram os destinos da República aos da luta travada na Europa e, um pouco, por todo o mundo. Esses apontamentos, sendo para o leitor, são especialmente para honrar memórias esquecidas e, nos tempos que correm, na minha opinião, nem sempre lembradas do modo mais conveniente.

O tempo e a paciência ditarão o ritmo dos textos. Os resultados logo se verão.

8 comentários:

  1. Caro Alves de Fraga

    Não tenho dúvidas de que teremos aqui um espaço no qual poderemos aprender muito.
    Aprender tem sido sempre o grande objectivo da minha vida.

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    1. Fico-lhe grato, Caro Fernando Vouga, pelo seu exagerado "muito" ditado certamente pela amizade.
      Procurarei trazer aqui alguns esclarecimentos sobro o que anda deturpado sobre este tempo.
      A sua participação será sempre bem-vinda.
      Um grande abraço.

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  2. Caro Luís Alves de Fraga,
    Gostaria de registar o meu apreço pelos seus contributos e Obra(s).
    Intencionalmente a refiro com maiúscula, pois o seu valor é, na temática que aborda e para os planos histórico, cultural e informativo, maior.
    Pessoalmente lhe agradeço pelo valor estruturante que esta para mim tem, como leitor interessado, bem como pelo estímulo ao arranque de um pequeno projecto pessoal que de outra forma não iniciaria tão cedo.
    Um verdadeiro e sentido agradecimento.
    Marco Buinhas
    www.marcobuinhas.com

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  3. Caro Marco Buinhas,
    Fico muito grato pelas suas palavras que me estimulam a continuar.
    Aceite os meus melhores cumprimentos .

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  4. Só hoje topei com este nascituro dos "Serranos", que em muito boa hora apareceu.
    O período histórico alvo dos escritos que aqui se seguirão é deveras interessante e cativante para todos aqueles que teimam em perceber melhor o seu tempo.
    A Carta de Intenções e a qualidade sobejamente conhecida da paternidade deste blogue, dão-nos desde já a garantia de que não daremos por mal empregue o tempo que utilizarmos em visitar e revisitar este espaço.
    Longa vida aos "Serranos" e um grande abraço ao seu autor.

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  5. Só hoje topei com este nascituro dos "Serranos", que em muito boa hora apareceu.
    O período histórico alvo dos escritos que aqui se seguirão é deveras interessante e cativante para todos aqueles que teimam em perceber melhor o seu tempo.
    A Carta de Intenções e a qualidade sobejamente conhecida da paternidade deste blogue, dão-nos desde já a garantia de que não daremos por mal empregue o tempo que utilizarmos em visitar e revisitar este espaço.
    Longa vida aos "Serranos" e um grande abraço ao seu autor.

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    1. Meu Caro Nunes da Cruz,
      Companheiro de longa data,
      Digníssimo almirante da nossa Armada,
      São exageradas as palavras que dedicas ao autor deste blogue, que só podem ser reflexo de uma grande amizade que muito prezo.
      Os "Serranos" vão ter a vida que eu for capaz de lhes dar, mas, por já nenhum existir entre nós, repousam dos trabalhos esforçados no lugar aonde sobem todos os que souberam dar de si à Pátria os melhores anos da vida ou, até mesmo, a própria vida.
      Merecem o nosso respeito e a nossa admiração.

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  6. Caro Luis Alves de Fraga,
    Envio os meus agradecimentos, apresentando a minha admiração pessoal pela forma como os seus contributos são para todos nós importantes, em especial para mim, tendo o estímulo que encontro na sua obra escrita conduzido ao início de um pequeno contributo à memória da Batalha do Lys.
    Como esse contributo toma a forma de um conjunto de imagens / desenhos que gostaria que visse, peço, se for possível, que me indique para o meu endereço gmail ou para marcobuinhas@sapo.pt um e-mail para poder proceder ao envio.
    Grato, com estima e admiração,
    Marco Buinhas

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